Imaginemos um jogo entre pessoas cultas, em que cada participante eleja os dez maiores clássicos da literatura universal. Não importa o lugar, não importa a época, não importam as pessoas: o único título comum a todas essas listas será, necessariamente, o Livro das mil e uma noites. Embora seja uma obra essencialmente árabe, pelo espírito e pela língua, muita gente ainda parece obstinada em lhe apontar as “fontes”, que vão buscar na Índia ou na Pérsia antiga. Com isso, negam aos árabes o mérito de uma de suas maiores criações. É curioso que esses mesmos sábios nunca tenham se preocupado em encontrar as fontes árabes de clássicos como o Decamerão, a Divina Comédia, o Poema de El-Cid, o Livro do Conde Lucanor e mesmo Robinson Crusoé — todos eles recheados de histórias, argumentos e ideias preexistentes na literatura árabe. É, como se percebe, uma discussão estéril. Mas houve mesmo um livro persa das Mil noites (que infelizmente se perdeu); e, antes dele, um livro árabe das Mil noites, de que nos resta um quase ilegível fragmento. Estão neles as mais antigas referências a uma célebre contadora de histórias — que adia, com sua arte, noite após noite, a própria morte. Falo, naturalmente, de Xerazade. Não é dela, contudo, a primazia. Velhos contos beduínos, que circulavam séculos antes, narram casos de condenados à morte que se salvavam contando histórias extraordinárias. Há nisso uma teoria bem sutil: a de que a vida humana só é comutável com a ficção; que o homem
Peso: | 0,85 kg |
Número de páginas: | 528 |
Ano de edição: | 2012 |
ISBN 10: | 8525052647 |
ISBN 13: | 9788525052643 |
Altura: | 23 |
Largura: | 16 |
Comprimento: | 3 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Paradidáticos e/ou leitura escolar |
Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência no site e, ao continuar navegando, você concorda com essas condições. Acesse o nosso Portal de Privacidade para visualizar nossas Política de Privacidade, Política de Cookies e Termo de Compromisso e Uso do Site.
Avaliações