"Ensaios" seria uma maneira aproximada de classificar os textos aqui reunidos, embora eles não aceitem docilmente nem essa nem outraspossíveis definições. O que os une é, talvez, uma vontade de buscar na vida os limites da arte e vice-versa – traçando na escrita fronteiras prontas para serem borradas, deixando sempre a sensação de que uma coisa vive e se cria na outra. Do gênero inventado por Montaigne, Diogo Medeiros herda a vontade de capturar a reflexão em movimento e a disposição para filtrar pela própria experiência tudo o que vê, ouve e lê. De poesia japonesa a Chris Marker; de Eduardo Coutinho a Clarice Lispector; de relações familiares a transformações urbanas; sonhos, leituras, impressões: é dessa matéria múltipla que é feito este livro. E assim terminamos a leitura menos com a vontade de classificar e definir, do que com o espírito aberto para as invenções formais e as ligações inusitadas que o autor nos propõe. Só depois de revelar o filme é que me dei conta de que, em uma das tentativas, eu tinha conseguido pegar o goleiro numa posição de voo, junto com a bola entrando no gol. Lá no fundo, também enquadrado pelas traves, o Pão de Açúcar, cuja curvatura foi por um instante correspondida pela curvatura do tronco e do braço direito do menino. O braço esquerdo, descolado do corpo, parece emular uma asa e dá à figura do menino um quê de anjo. A bola está tão longe, tão inalcançável, que o salto parece um gesto gratuito, um exercício de beleza pura. [...] Agora, vendo
Peso: | 0.16 kg |
Número de páginas: | 112 |
Ano de edição: | 2024 |
ISBN 10: | 6560251039 |
ISBN 13: | 9786560251038 |
Edição: | 1 |
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