Sinopse

Que papel o cristianismo exerceu na história da noção de cultura? Na Antiguidade cristã, há dois tipos de atitudes. Alguns cristãos manifestam uma hostilidade em relação à cultura grega, que lhes parece perniciosa e inspirada pelos demônios. Outros tentam, ao contrário, mostrar sua utilidade para a formação do espírito e a defesa, a explicação e a exposição da fé. Além dessa tensão entre hostilidade e atração face à cultura grega, nos textos cristãos da Antiguidade ocorre uma renovação importante da noção mesma de cultura. Dissociando-a de qualquer referência ao helenismo e ampliando-a a tudo aquilo que pode assegurar ao ser humano sua plena humanidade, os autores cristãos dos primeiros séculos legaram à posteridade um ideal cultural fundado no pluralismo e na diversidade, do qual, em uma forma secularizada, somos ainda hoje herdeiros. Este ensaio, escrito por um especialista na Antiguidade cristã, conduz à revisão de um certo número de ideias preconcebidas acerca das relações entre monoteísmo e cultura. Convida a situar a emergência da reflexão cristã no quadro, não somente de um confronto, mas igualmente de uma profunda continuidade com o pensamento grego, e notadamente a filosofia.

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